Por Edison Evaristo Vieira Junior
É simplesmente angustiante acompanhar pelos mais variados meios de comunicação a chamada intervenção militar na Líbia, que não passa de um verdadeiro massacre que as forças da OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte vem empreendendo contra o povo líbio e tudo isto em nome de proteger esta população das forças armadas de Muamar Kadafi. Praticamente todos os dias se noticia que civis líbios foram mortos em ataques aéreos dos aviões da OTAN, sem contar que toda infra estrutura do país está sendo destruída nestes bombardeios, que fora construída em décadas com o suor do trabalho do povo daquele país, diferente de muitos países africanos, por exemplo.
Porém, tanto a destruição do patrimônio líbio como as mortes de civis, incluindo dezenas de crianças, são negadas pela OTAN, mesmo com a presença de jornalistas do mundo todo que são convidados pelo governo de Kadafi a visitarem os locais bombardeados, mostrando e “contando” os mortos que desde março, quando iniciaram os covardes ataques da OTAN, mais de 700 civis já perderam a vida.
E olha que os ataques da OTAN visam proteger estes civis!!!
É óbvio que se fosse a real vontade popular a saída de Muamar Kadafi do poder, este já teria sido tirado do governo há muito tempo pelo seu próprio povo, sem a necessidade da intervenção da OTAN, assim como, se os rebeldes tivessem apoio popular, também já teriam conseguido o poder que tanto almejam, sem a necessidade da ajuda da OTAN, como vem ocorrendo. Não se trata de uma intervenção para proteger o povo líbio e sim uma guerra para derrubar o regime de Muamar Kadafi e, possivelmente, se apossarem dos recursos naturais da Líbia através de grandes corporações internacionais. O que realmente ocorre abaixo dos aviões da OTAN é que Kadafi possui a maior parte do povo líbio do seu lado e um grupo de ativistas, apoiados por uma minoria, foram armados para derrubarem Kadafi do poder e, assim por fim a uma política econômica que visava, até certo ponto e o possível, manter os interesses da Líbia em primeiro plano. Políticas mais nacionalistas são maus exemplos aos olhos impiedosos dos grupos financeiros e políticos internacionais e, portando, precisam ser eliminados para não se disseminarem.
Muitos alegam que Muamar Kadafi realmente precisa ser retirado da liderança do governo, pois seu regime é uma ditadura e está há décadas no poder e coisas do tipo, porém, se esquecem que quem precisa decidir este tipo de meta é o povo líbio e somente eles, e mais ninguém. Querer “enfiar goela abaixo” a forma de agir e pensar de uma sociedade em outra, com cultura diferente desta é, no mínimo, um posicionamento mesquinho.
Poucos acreditam nesta “historinha” de proteger o povo líbio, pois o óbvio está cada vez mais explícito.
Se a OTAN e os Estados Unidos da América realmente quisessem proteger algum ser humano, sobretudo um ser humano árabe, teriam atuado com energia quando Israel promoveu um verdadeiro massacre na Faixa de Gaza em 200x ou Líbano em 200x, onde milhares pereceram diante das modernas armas de Israel. Mas por qual motivo se calaram quando estas situações ocorriam? Por qual motivo a OTAN não enviou seus aviões para destruir a infra estrutura militar israelense para enfraquecer os ataques em Gaza? Por qual motivo o governo dos EUA não armou combatentes em Gaza para resistirem à Israel? Vale ressaltar que isto não é uma defesa destes pontos de vista e nem mesmo uma observação contra a política externa de Israel (o que necessitaria ser discutido em outro texto), mas apenas uma reflexão sobre a lógica utilizada pela OTAN para efetuar os ataques que hoje ocorrem na Líbia.
Tudo isto leva a crer que Kadafi está correto, quando afirma que os ataques da OTAN é uma agressão colonial contra seu país, com o intuito claro de se apossar do petróleo líbio.
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