João Gilberto Noll
Meu amigo queria que eu tirasse
férias. Eu relutava ao telefone: “Agora não, talvez depois; não consegui me
desfazer ainda desse encalhe aqui, confesso!”. “Encalhe?” Sei que a criança
puxa a sua camisa e lhe pede alguma coisa, certamente colo. “É, talvez dê pra
ir”, emendo. “Estás vindo?” “Sim, sim, quem sabe.” “Liga dizendo quando, te
pego na rodoviária.” “Como se chama mesmo a praia?” “Nara.” “Eu vou, só de
pensar me infiltro num sossego que nessa cidade, aqui no fundo, é perigoso,
escuta!” “Aqui estarás a salvo para isso, vem, vem logo!” É quando entendo que
o lazer é sina. Entendo mais: que ele abraça o filho, o retém nos braços. E que
estou pronto pra dizer: “Conte comigo; eu vou sim, não tardo!”. Aí então...
então eu falo, digo.
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