CONCURSO CAIXA 2012


Sarita Erthal | 22:39 |

          A inclusão da redação no concurso da Caixa é algo novo nesse processo seletivo. A proposta privilegiará o texto dissertativo-argumentativo e, além das técnicas de produção textual concernentes ao gênero, deve-se dar atenção especial ao conteúdo que será explorado.

          A leitura frequente ainda é a melhor arma para enfrentar esse desafio.
          Abaixo, estão alguns textos que podem contribuir para a formação de seu ponto de vista crítico acerca de temas que podem ser cobrados na prova.
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26/07/2011 13h17 - Atualizado em 01/08/2011 18h56

Entenda a crise da dívida dos

 




EUA e 



como isso afeta o Brasil



Governo tem até 2 de agosto para conseguir ampliar teto da dívida do país.
Eventual calote dos EUA teria efeitos também para o mercado brasileiro.


O governo dos Estados Unidos está correndo contra o tempo para não colocar em risco sua credibilidade de bom pagador. Se até o dia 2 de agosto o Congresso não ampliar o limite de dívida pública permitido ao governo,  os EUA podem ficar sem dinheiro para pagar suas dívidas: ou seja, há risco de calote.
A elevação do teto da dívida permitiria ao país pegar novos empréstimos e cumprir com pagamentos obrigatórios.
Em maio, a dívida pública do país chegou a US$ 14,3 trilhões, que é o valor máximo estabelecido por lei.

Isso porque, nos EUA, a responsabilidade de fixar o teto da dívida federal é do Congresso.
Na segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou em pronunciamento na Casa Brancaque a falta de um acordo que permita elevar o teto da dívida do país trará problemas sérios à economia. (Assista, no video ao lado, o comentário de Miriam Leitão sobre  a situação econômica dos EUA)
Um eventual calote do país que é considerado o pagador mais seguro do mundo teria efeitos também para o Brasil: por exemplo, encareceria o custo de financiamento para bancos e empresas brasileiras, valorizaria o dólar e aumentaria o preço dos importados, o que geraria inflação.
No Brasil, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que espera “sensatez” do governo e de políticos norte-americanos para solucionar o impasse sobre a negociação da dívida dos EUA
Entenda os pontos mais importantes das negociações.

Debate e negociações
Barack Obama participa de reunião com líderes do congresso para debater a elevação do teto da dívida. (Foto: Mandel NGAN/AFP)Obama em reunião com líderes
do congresso para debater o teto da dívida.
(Foto: Mandel NGAN/AFP)
O presidente Barack Obama e os demais representantes do governo têm lutado nos últimos dias para convencer o Congresso a ampliar o limite de endividamento permitido ao governo.
Cinco rodadas de conversações na Casa Branca não produziram nenhum acordo, mas geraram disputas partidárias. Um acordo foi alcançado por líderes dos dois partidos apenas neste domingo, dois dias antes do fim do prazo.

Essa negociação é comum no Congresso americano, onde ocorre de forma periódica desde 1917 (data em que foi estabelecido um limite legal para o endividamento do país). Desta vez, no entanto, a renegociação do teto da dívida enfrenta um impasse.

O que é a dívida dos EUA
Notas de Dólar (Foto: AFP)(Foto: AFP)
Assim como outros países  - inclusive o Brasil -  o Tesouro norte-americano emite no mercado financeiro papéis respaldados pelo governo para financiar as atividades do governo federal, como pagamento de funcionários e fundos de previdência.

No caso dos EUA, os  títulos são conhecidos como Treasuries, comprados por investidores do mercado financeiro que  são remunerados com juros: os títulos americanos são considerados os mais seguros do mundo e, por isso, atraem tantos investidores interessados em comprar seus papéis.
Para quem os EUA devem
Chinês conta notas de dólar perto de notas de iuan. (Foto: AFP)Chinês conta notas de dólar perto de
notas de iuan. (Foto: AFP)
Brasil, China, Japão, Reino Unido e os países exportadores de petróleo estão entre os maiores credores estrangeiros que detêm 32% dos títulos da dívida pública dos Estados Unidos.
Segundo os números do Departamento do Tesouro, a dívida pendente dos EUA somava, no último dia 30 de junho, US$ 14,3 trilhões, dos quais US$ 4,6 trilhões eram "pastas intergovernamentais" e US$ 9,7 trilhões eram dívidas nas mãos do público.
Os EUA devem somente ao Brasil a quantia de US$ 187 bilhões. O maior credor do país é a China, com US$ 1,1 trilhão, seguida pelo Japão com US$ 882,3 bilhões, o Reino Unido com US$ 272,1 bilhões e os exportadores de petróleo com US$ 211,9 bilhões.
Outros grandes detentores de bônus e títulos da dívida americana são os bancos radicados no Caribe, que acumulam títulos no valor de US$ 169 bilhões, Taiwan com US$ 155 bilhões, Rússia com US$ 151 bilhões, Hong Kong com US$ 135 bilhões e Suíça com US$ 107 bilhões
Por que a dívida está tão alta
Homem se apoia na parede da sede do Lehman Brothers em NY, em 15 de setembro de 2008. (Foto: Nicholas ROBERTS/AFP)Homem se apoia na parede da sede do Lehman
Brothers em NY, em 15 de setembro de 2008.
(Foto: Nicholas ROBERTS/AFP)
O alto nível de endividamento dos EUA ainda reflete, entre outros fatores, efeitos da "ressaca" da crise financeira desencadeadaem 2008 pela quebra do banco Lehman Brothers. Isso porque, em tempos de recessão, um país precisa de mais dinheiro para estimular a economia.

No caso dos EUA, o país emitiu mais papéis para ter dinheiro para evitar a falência de empresas e bancos em dificuldades, isentar  e reduzir alguns impostos, e pagar benefícios sociais como seguro-desemprego, mais necessários em épocas de demissões e cortes de pessoal.
A decisão de socorrer setores da economia que estavam em risco de falência endividou não só os EUA, mas de outros países que hoje enfrentam problemas com a dívida: Grécia, Irlanda e Itália, por exemplo.
Antes disso, os EUA já haviam gastado muito dinheiro ao longo dos anos para financiar guerras e ações militares. Iniciadas há quase dez anos, após os atentados de 11 de setembro de 2001, as operações norte-americanas no Afeganistão custam atualmente mais de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 3,1 bilhões) por semana aos cofres americanos, o que tem despertado cada vez mais críticas, tanto de republicanos quanto de democratas.
Obama X oposição
Barack Obama, em pronunciamento (Foto: Reuters)Barack Obama, em pronunciamento (Foto: Reuters)
Por trás da discussão em torno dos números da dívida, há uma disputa política entre parlamentares do governo e da oposição, como explica o economista Miguel Daoud, da Global Financial Advisor.
A oposição republicana, adversária política de Obama, exige que o aumento do limite seja vinculado a cortes maiores no orçamento americano dos que os desejados pelo governo democrata, com medidas como corte de benefícios sociais, que poderiam afetar a vida do cidadão americano comum.
"Como o Obama está prestes a começar uma campanha para reeleição, a oposição está exigindo cortes em setores da economia que vão afetar a popularidade do presidente", avalia Daoud. A popularidade de Obama está baixa nos EUA, embora tenha tido um fôlego temporário com a morte de Osama Bin Laden.
O presidente norte-americano, por outro lado, quer sair do impasse sem frear ainda mais a economia. Obama disse concordar com maiores cortes de gastos e quer que os republicanos aceitem algum aumento de impostos sobre os norte-americanos mais ricos. Eles recusam.
E se o teto da dívida não for elevado?
Segundo uma pesquisa do centro de estudos Bipartisan Policy Center (BPC), os gastos federais podem ter que ser reduzidos em até 44% em agosto. O governo federal tem cerca de US$ 306,7 bilhões em obrigações a pagar no mês, a partir do dia 3. No mesmo período, a estimativa é de que a arrecadação seja de US$ 172,4 bilhões, o que obrigaria o governo a priorizar pagamentos.
O estudo mostra que os recursos arrecadados seriam suficientes apenas para pagar os juros da dívida, os planos de assistência médica Medicare e Medicaid, a previdência social, seguro desemprego e contratos de defesa. Sem cortes nesses setores, não haverá dinheiro para manter as próprias estruturas de governo, como departamentos de Justiça, Comércio e Trabalho; pagar salários, exército, programas educacionais e de moradia para as classes mais baixas.
Fama em risco
A agência classificadora de risco Moody's anunciou nesta quarta-feira (13) que considerabaixar a nota da dívida dos Estados Unidos, que atualmente se encontra no melhor patamar possível, em "Aaa". O mesmo aviso foi dado pela agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P).
Na prática, isso significaria aos EUA , que atualmente são referência de pagamento seguro no mundo, e têm, na avaliação das agências de classificação, risco praticamente nulo de calote.
Reclamação da China
Hong Lei, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China. (Foto: AFP)Hong Lei, porta-voz do Ministério de Relações
Exteriores da China. (Foto: AFP)
A China, maior credor dos EUA com US$ 1,1 trilhão em bônus,  pediu que os Estados Unidos adotem medidas mais responsáveis a fim de proteger os interesses dos investidores nos títulos do Tesouro americano (Treasuries). 
"Nós esperamos que o governo norte-americano adote políticas responsáveis para proteger os interesses dos investidores", disse Hong Lei, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores da China.

O que isso tem a ver com o Brasil
Consumidores pesquisaram preços. (Foto: Daigo Oliva/G1)Consumidores pesquisam preços de eletrônicos.
(Foto: Daigo Oliva/G1)
Na avaliação do economista Miguel Daoud, da consultoria Global Financial Advisor, um eventual calote dos EUA teria impactos econômicos  no Brasil, que vive momento de dólar baixo e forte consumo de importados.
Encareceria o custo de financiamento para bancos e empresas brasileiras, que precisam captar dinheiro no exterior; valorizaria o dólar e aumentaria o preço dos importados, o que geraria inflação; causaria também, consequentemente, a necessidade de se aumentar ainda mais os juros para controlar os preços.
"Geraria inflação com o importados, resultaria em aumento juros e aumentaria a proporção dívida/PIB", estima Daoud que, embora não descarte essa hipótese, considera improvável que um acordo entre governo dos EUA e Congresso não seja alcançado.
Com informações da Reuters, da BBC, da AFP e de agências internacionais
Fonte: g1.globo.com
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Maio de 2010

Crise na Europa

A Europa, sempre lembrada como uma região de altíssimo desenvolvimento econômico e bem-estar social, agora tem sua imagem associada a turbulências de mercado. Entenda como o descontrole das contas públicas e as particularidades políticas do continente conduziram a zona do euro a uma crise financeira que levará anos para ser totalmente superada.
A formação de uma crise financeira na zona do euro deu-se, fundamentalmente, por problemas fiscais. Alguns países, como a Grécia, gastaram mais dinheiro do conseguiram arrecadar por meio de impostos nos últimos anos. Para se financiar, passaram a acumular dívidas. Assim, a relação do endividamento sobre PIB de muitas nações do continente ultrapassou significativamente o limite de 60% estabelecido no Tratado de Maastricht, de 1992, que criou a zona do euro. No caso da economia grega, exemplo mais grave de descontrole das contas públicas, a razão dívida/PIB é mais que o dobro deste limite. A desconfiança de que os governos da região teriam dificuldade para honrar suas dívidas fez com que os investidores passassem a temer possuir ações, bem como títulos públicos e privados europeus.

2. Quando os investidores passaram a desconfiar da Europa?

Os primeiros temores remontam 2007 quando existiam suspeitas de que o mercado imobiliário dos Estados Unidos vivia uma bolha. Temia-se que bancos americanos e também europeus possuíam ativos altamente arriscados, lastreados em hipotecas de baixa qualidade. A crise de 2008 confirmou as suspeitas e levou os governos a injetarem trilhões de dólares nas economias dos países mais afetados. No caso da Europa, a iniciativa agravou os déficits nacionais, já muito elevados. Em fevereiro de 2010, uma reportagem do The New York Times revelou que a Grécia teria fechado acordos com o banco Goldman Sachs com o objetivo de esconder parte de sua dívida pública. A notícia levou a Comissão Européia a investigar o assunto e desencadeou uma onda de desconfiança nos mercados. O clima de pessimismo foi agravado em abril pelo rebaixamento, por parte das agências de classificação de risco, das notas dos títulos soberanos de Grécia, Espanha e Portugal.

3. Quais países se encontram em situação de risco na Europa e por quê?

Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha - que formam o chamado grupo dos PIIGS - são os que se encontram em posição mais delicada dentro da zona do euro, pois foram os que atuaram de forma mais indisciplinada nos gastos públicos e se endividaram excessivamente. Além de possuírem elevada relação dívida/PIB, estes países possuem pesados déficits orçamentários ante o tamanho de suas economias. Como não possuem sobras de recursos (superávit), entraram no radar da desconfiança dos investidores. Para este ano, as projeções da Economist Intelligence Unit apontam déficits/PIB de 8,5% para Portugal, 19,4% para Irlanda, 5,3% para Itália, 9,4% para Grécia e 11,5% para Espanha.

4.Por que o bloco europeu não consegue regular sua política fiscal como os Estados Unidos, por exemplo?

Apesar de ter um órgão responsável pela política monetária, o Banco Central Europeu (BCE), que estabelece metas de inflação e controla a emissão de euros, a União Européia não dispõe de uma instituição única que monitora e regula os gastos públicos dos 16 países-membro. Dessa maneira, demora a descobrir os desleixos governamentais e, quando isso acontece, inexistem mecanismos austeros de punição. Em 1999, os países da região encerraram um ciclo de discussões chamado Pacto de Estabilidade e Crescimento. Em resumo, as nações comprometeram-se com a questão do equilíbrio fiscal. Àquelas altamente endividadas ficou a imposição de apresentar ‘planos de convergência’ para patamares de dívida mais aceitáveis. As sanções seriam recolhimentos compulsórios e multas. Contudo, sua aplicação não seria automática, ficando na dependência de uma avaliação pelo Conselho Europeu. A política mostrou-se insuficiente para controlar os gastos públicos dos PIIGS.

5.A crise financeira pode afetar a economia real da Europa?

A desconfiança em relação à Europa pode disseminar pânico no mercado e fazer com que bancos fiquem excessivamente cautelosos ou até parem de liberar crédito para empresas e clientes. Os investidores, ao venderem ações e títulos europeus, provocam fuga de capitais da região. Sem poder provocar uma maxidesvalorização do euro, haja vista que isso prejudicaria aqueles países que têm as contas controladas, a opção é impor sacrifícios à população, como corte de salários e congelamento de benefícios sociais. Tudo isso implica menos dinheiro para fazer a economia girar - justo num momento em que a zona do euro precisa crescer e aumentar sua arrecadação para diminuir o endividamento. O risco é a criação de um círculo vicioso, em que uma estagnação ou, até mesmo, uma recessão, prejudique os esforços de ajuste fiscal - o que levaria a medidas de austeridade ainda mais severas, mais recessão, e assim por diante. Num segundo momento, a Europa, como um dos maiores mercados consumidores do mundo, diminuiria o ritmo de importação de bens e serviços e prejudicaria a dinâmica econômica global.

6. Por que o euro se desvaloriza?

A possibilidade de que governos e empresas da região tornem-se insolventes faz com boa parte dos investidores simplesmente não queira ficar exposta ao risco de ações e títulos europeus. Na primeira metade do ano, o que se viu foi um movimento de venda destes papéis e fuga para ativos considerados seguros, como os títulos do Tesouro norte-americano. Tal movimento, de procura por dólares e abandono do euro, fez com que a cotação da moeda européia atingisse valores historicamente baixos. As moedas também refletem o vigor das economias. Assim, argumentam os analistas, a tendência de longo prazo é de fortalecimento do dólar e das moedas dos países emergentes (real inclusive), enquanto a Europa não conseguir resolver seus problemas fiscais e criar condições para um crescimento econômico mais acentuado.

7. O que foi feito para evitar a derrocada do euro?

Dois pacotes de socorro foram aprovados com o intuito de ganhar tempo para a tarefa de reorganizar as contas dos países mais endividados e restabelecer a confiança dos investidores na região. O primeiro voltava-se exclusivamente à Grécia e somou cerca de 110 bilhões de euros. O montante, levantado pelo Fundo Monetário Internacional (€ 30 bilhões) e pelos governos dos países da zona do euro (€ 80 bilhões), deve ser liberado de forma progressiva num prazo de três anos. O segundo foi a constituição de um fundo emergencial de 750 bilhões de euros para situações de crise na União Européia. Qualquer país da região estaria apto a recorrer a ele. A maior parte, € 500 bilhões, virá de países europeus e o restante, € 250 bilhões, do FMI.

Fonte: veja.abril.com.br


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Arnaldo Jabor analisa a crise econômica na Europa e nos EUA




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12/04/2012

Banco Mundial prevê que a China crescerá 8,2% em 2012

Projeção confirmaria desaceleração gradual da segunda economia do mundo

Loja do McDonald's em Pequim, China
Loja do McDonald's em Pequim, China (China Photos/Getty Images)
O Produto Interno Bruto (PIB) da China crescerá 8,2% em 2012 e 8,6% em 2013, impulsionado especialmente pela demanda interna, projeta o Banco Mundial em seu relatório de perspectivas para a segunda maior economia do planeta, apresentado nesta quinta-feira em Pequim.
"A economia chinesa se encontra em um momento de desaceleração gradual", assinalou o documento do Banco, ao lembrar que em 2011 o avanço do PIB da China foi superior, de 9,2%. Em se confirmando o prognóstico do BM, o crescimento chinês seria o mais baixo desde 1999, quando a economia asiática subiu 7,6%.
A previsão do Banco Mundial é maior que as perspectivas do próprio governo chinês (7,5%), mas ligeiramente menor que os números do Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD), que prevê crescimento de 8,5% em 2012 e de 8,7% em 2013.
O Banco prevê, por outro lado, que a inflação na China, uma das principais preocupações macroeconômicas do regime comunista no ano passado, irá passar dos 5,4% de 2011 para 3,2% em 2012. Também neste indicador o Banco Mundial é mais otimista que o governo chinês, que espera inflação em torno de 4% neste ano.
(com Agência EFE)
Fonte: veja.abril.com.br
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15/02/2011 - 14h01

China, segunda economia mundial, registra 150 milhões de pobres

DA FRANCE PRESSE
EM PEQUIM

A China, que na segunda-feira se tornou oficialmente a segunda economia mundial ao desbancar o Japão, informou nesta terça-feira que esta notícia muito importante não deve permitir que sejam esquecidos os desequilíbrios do desenvolvimento e, em particular, os 150 milhões de pobres do país.
"É uma notícia muito importante", declarou Ma Zhaoxu, porta-voz do ministério das Relações Exteriores, que destacou os notáveis progressos realizados nos últimos anos pela economia chinesa.
Ao mesmo tempo, reconheceu que em vários aspectos a China registra "atrasos".
"Se nos referimos à norma da ONU de um dólar por dia e por pessoa, há ainda 150 milhões de pessoas que vivem em estado de pobreza na China", disse o porta-voz, para quem o PIB (Produto Interno Bruto) é um "índice que mede a potência econômica de um país, mas não o único".
Apesar de ter superado o PIB do Japão em 2010, a China, país com a maior população do mundo (1,3 bilhão de habitantes), tem uma renda per capita 10 vezes inferior a do país vizinho.

Fonte: folha.com

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China se transforma em mais um foco de perigo para economia mundial

Paul Krugman
Analisemos o seguinte quadro: o crescimento recente dependeu de um grande boom no setor de construção, alimentado pela disparada dos preços reais dos imóveis, e que exibia todos os sinais clássicos de uma bolha. Houve uma rápida expansão do crédito. Grande parte do crescimento não se deu por meio do sistema bancário tradicional, mas sim através do não regulado sistema de "shadow banking", que não está sujeito à supervisão governamental e não é lastreado por garantias do governo. Agora a bolha está estourando, e existem motivos concretos para que se tema uma crise financeira e econômica.
Estaria eu a descrever o Japão no final da década de oitenta? Ou os Estados Unidos em 2007? Poderia ser. Mas neste momento eu estou me referindo à China, que está se transformando em mais um foco de perigo em uma economia mundial que neste momento precisa de tudo, menos disso.
Eu tenho relutado em opinar sobre a situação chinesa, em parte porque é muito difícil saber o que está de fato ocorrendo lá. Todas as estatísticas econômicas são consideradas, na melhor das hipóteses, uma modalidade de ficção científica especialmente maçante. Mas os números referentes à China são mais fictícios do que os da maioria dos outros países. Eu recorreria a especialistas na China real para entender o que ocorre, mas é impossível encontrar dois especialistas que compartilhem o mesmo ponto de vista em relação àquele país.
Porém, mesmo os dados oficiais são preocupantes – e as notícias recentes são suficientemente dramáticas para fazer soar os alarmes.
O fato mais notável a respeito da economia chinesa nos últimos dez anos tem sido a maneira como o consumo domiciliar, embora ascendente, ficou bem para trás do crescimento geral da economia. Atualmente os consumidores chineses estão gastando apenas 35% do produto interno bruto, o que é cerca da metade do índice dos Estados Unidos.
Sendo assim, quem está comprando os bens e serviços produzidos pela China? Em parte, nós. À medida que a parcela da economia referente ao consumidor chinês foi declinando, a China passou a se basear cada vez mais nos superávits comerciais para manter o seu setor industrial à tona. Mas a questão mais importante sob o ponto de vista da China diz respeito aos gastos com investimentos, que dispararam para quase a metade do produto interno bruto.
A questão óbvia é: se a demanda por parte dos consumidores encontra-se relativamente fraca, o que motivou todo esse surto de investimento? A resposta, em grande parte, é que isso foi provocado por uma bolha imobiliária em constante expansão. O investimento imobiliário praticamente dobrou como parcela do produto interno bruto da China a partir de 2000, respondendo diretamente por mais da metade do crescimento geral dos investimentos. E sem dúvida o restante desse aumento diz respeito a firmas que se expandiram a fim de vender seus produtos para a aquecida indústria da construção.
E como é que nós sabemos de fato que essa expansão do setor imobiliário chinês se constitui em uma bolha? Ele manifesta todos os sinais: não apenas os preços crescentes, mas também aquele tipo de febre especulativa bastante familiar devido às nossas experiências de apenas alguns anos atrás – basta pensar na área litorânea da Flórida.
E existe outro paralelo com a experiência dos Estados Unidos: à medida que o crédito se expandiu, grande parte dele não foi derivada dos bancos tradicionais, mas sim do não supervisionado e desprotegido sistema de "shadow banking". Existem grandes diferenças quanto aos detalhes: o estilo norte-americano de "shadow banking" costumava envolver firmas famosas de Wall Street e instrumentos financeiros complexos, enquanto que a versão chinesa tende a ocorrer por meio de bancos clandestinos e até mesmo casas de penhora. Mas as consequências são semelhantes: na China, assim como nos Estados Unidos alguns anos atrás, o sistema financeiro pode estar muito mais vulnerável do que sugerem os dados sobre o sistema bancário convencional.
Agora essa bolha está visivelmente estourando. Qual será o estrago que ela provocará na economia chinesa e mundial?
Alguns analistas afirmam que não existe motivo para preocupação, que a China possui líderes fortes e inteligentes que farão tudo o que for necessário para enfrentar uma crise. Embora raramente se diga isso, o fato é que esses analistas acreditam que a China possa fazer o que bem quiser já que ela não tem que se preocupar com sutilezas democráticas.
Na minha opinião, no entanto, isso soa como as famosas últimas palavras antes do desastre. Afinal, eu me recordo muito bem de ter escutado palavras tranquilizadoras em relação ao Japão na década de oitenta, onde os brilhantes burocratas do Ministério das Finanças teriam tudo sob controle. E, mais tarde, ouvimos as garantias de que os Estados Unidos jamais repetiriam os erros que levaram à década perdida do Japão – quando na verdade nós estamos em uma situação ainda pior do que a do Japão dos anos oitenta.
As declarações das autoridades chinesas sobre a política econômica não me parecem ser nem um pouco sensatas. Em particular, a maneira como a China está agindo em relação aos automóveis estrangeiros – entre outras coisas, impondo uma tarifa punitiva sobre as importações dos Estados Unidos –, que em nada contribuirá para ajudar a economia do país, mas que envenenará as relações comerciais, não transmite a impressão de que aquele seja um governo maduro que saiba o que está fazendo.
E certos fatos sugerem que, embora o governo chinês possa não ser governado pelo estado de direito, ele tem o seu poder reduzido pela corrupção generalizada, o que significa que aquilo que ocorre de fato no nível local pode ter pouca semelhança com o que é ordenado em Pequim.
Eu espero não estar sendo necessariamente alarmista. Mas é impossível não se preocupar. A história da China parece-se muito com outras que temos presenciado em outros países. E a última coisa da qual precisamos em uma economia mundial que já está sofrendo com a bagunça na Europa é um novo epicentro de crise.

Fonte: noticias.uol.com.br

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